Sitiados nos escombros dos edifícios respiravam os olhares vazios das sombras dos candeeiros de lâmpadas ocas de luz
o frio regava-lhes o corpo despidos de sentidos e os musgos brotavam viçosos
como sorrisos de pássaros de asas soltas no vento
mascados os últimos bagos rastejavam como aladas serpentes das memórias
arrumadas nos armários de portas cambadas pelo peso do tempo
a noite fazia-se branca leitosa como se o mundo não enxergasse os espelhos dependurados
das sujas paredes nas esconsas vielas da vida.